quarta-feira, 10 de julho de 2013

Leptina e Aterosclerose

O tecido adiposo, além de servir como reserva de energia, é também um órgão endócrino, o qual secreta adipocitocinas, que incluem os hormônios adiponectina, resistina e leptina. Entre esses hormônios que influenciam no metabolismo humano, destacaremos a leptina, um hormônio produzido primariamente pelo tecido adiposo branco que está envolvido na regulação da sensação de saciedade fisiológica e gasto energético, devido aos seus efeitos nas vias orexigênicas e anorexigênicas. Pelo fato de a leptina ser produzida pelo tecido adiposo, a quantidade produzida é diretamente proporcional à quantidade de tecido adiposo presente, especialmente a gordura periférica.

Estudos experimentais e epidemiológicos apontam a leptina como um dos fatores responsáveis por acelerar a aterosclerose em humanos obesos, pois exerce efeitos aterogênicos como indução de disfunção endotelial, estimulação de reações inflamatórias, estresse oxidativo, hipertrofia e proliferação de células musculares lisas vasculares, entre outros. Em virtude desses fatores, níveis de leptina altos no organismo são considerados indicadores de eventos cardiovasculares futuros, assim como reestenose após angioplastia coronária.

Em um estudo (Leptin deficiency suppresses progression of atherosclerosis in apoE-deficient mice - Atherosclerosis Volume 196, Issue 1, January 2008, Pages 68–75) a análise histológica das artérias de camundongos utilizados para análise revelou diferenças de resultados entre os de níveis aumentados e diminuídos de leptina. Camundongos hiperlipidêmicos deficientes em leptina apresentaram estrias gordurosas, enquanto nos camundongos apoE−/−  com leptina exógena foram identificadas principalmente placas fibrosas. Os que receberam leptina exógena tiveram aterosclerose aumentada em relação aos que tiveram seus níveis diminuídos, porém a diminuição dessa doença nos camundongos hiperlipidêmicos não se deu devido à diminuição dos níveis de colesterol.

Camundongos tratados com leptina exógena (no estudo Recombinant Leptin Promotes Atherosclerosis and Thrombosis in Apolipoprotein E–Deficient Mice) apresentaram perda de peso significativa, assim como menores taxas de insulina em relação ao grupo controle. Porém, houve também um quadro mais agravado de aterosclerose nos camundongos tratados com leptina exógena, principalmente nas artérias carótidas e braquiocefálica, e também uma taxa maior de VLDL (Very-Low Density Lipoprotein ou Lipoproteína de Baixíssima densidade) no plasma. Dessa forma, pode-se concluir que há relação direta entre a quantidade de leptina e desenvolvimento de aterosclerose.


- Por Júlia Alencar

Referências bibliográficas:
http://opus.bibliothek.uni-wuerzburg.de/volltexte/2010/4875/pdf/jentzschdiss.pdf
http://orbi.ulg.ac.be/handle/2268/12505
http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=2344956
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0021915007000998
http://jcem.endojournals.org/content/89/8/3872.short
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0021915006001286
http://atvb.ahajournals.org/content/25/8/e119.full
SHILS, Maurice E. – Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 10ª Edição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário