segunda-feira, 15 de julho de 2013

Frutose, a causa da obesidade

Ao longo das últimas décadas, a obesidade vem apresentando ser uma doença de caráter epidêmico, visto que esse problema acompanha os avanços industriais nos aspectos alimentares devido à crescente comercialização de alimentos do tipo ‘junk food’.



Políticas de redução do consumo de gordura são muitas vezes empregadas, porém um dos maiores precursores da obesidade atualmente é o elevado consumo de carboidratos, e não de lipídeos como muita gente acredita. Em análise, vê-se que um fator que pode ser o grande causador da obesidade é a frutose, elemento cada vez mais presente nos alimentos, principalmente nos alimentos da rede ‘fast food’.

High Fructose Corn Syrup (HFCS) foi criada em 1966 no Japão e comercializada na América em 1975. 
O HFCS consiste em um grupo de xaropes de milho, os quais foram submetidos a ações enzimáticas para que a glicose presente fosse transformada em frutose, para que assim se atingisse a doçura desejada para os alimentos. Esse componente, pelo fato de ser barato e doce, foi sendo integrado ao açúcar de tal forma que atualmente o açúcar consumido é rico em frutose.

Sabe-se que uma dieta baseada em alto consumo de frutose, estimula a lipogênese, associando-se à resistência à insulina, hipertensão e dislipidemia. Apesar de a frutose ser um monossacarídeo mais encontrado nas frutas, o consumo deste pela população se dá através da sacarose e do xarope de milho, cada vez mais presente nos alimentos industrializados.

Um dos fatores que fazem com que a frutose seja tão tóxica ao organismo é o fato de ela não estimular a liberação de insulina a partir do pâncreas e nem a liberação de leptina para que a fome seja inibida, pois a frutose não funciona e nem exerce os mesmos papéis que a glicose. Dessa forma, apesar de haver um grande consumo, o cérebro não utiliza a frutose como energia, fazendo com que mais glucagon seja liberado para que sejam consumidos mais alimentos. Além disso, a frutose também não estimula a liberação de grelina, contribuindo assim, para o consumo excessivo.

Atualmente, com o grande consumo de alimentos da rede ‘fast food’ e refrigerantes, o consumo de frutose vem também aumentando. Antigamente o consumo natural de frutas e vegetais caracterizava um consumo de 15mg de frutose por dia, enquanto nos anos 1994 (depois da criação do HFCS) esse consumo passou para 54.7 mg de frutose por dia! Isso significa mais frutose para ser metabolizada pelo fígado, que é o único órgão que pode metabolizar esse monossacarídeo.

Se comparada à glicose, a frutose possui um menor índice glicêmico, por isso era utilizada como adoçante para pacientes portadores de diabetes, porém o fígado absorve muito mais frutose do que capta glicose. A metabolização da frutose tem início quando esta entra no hepatócito através do GLUT 5, e lá sofre a ação da enzima frutoquinase e é fosforilada a partir do Pi (fosfato inorgânico) de uma molécula de ATP para frutose-1-fosfato. Além de haver um grande gasto de fosfato inorgânico, há também uma grande produção de ácido úrico, o qual gera hipertensão, pois inibe a enzima óxido nítrico sintase endotelial, enzima a qual mantem a pressão sanguínea baixa. E, além disso, o ácido úrico gerado no metabolismo da frutose pode também ocasionar gota.

No metabolismo da frutose pode ser formado também a xilulose-5-fosfato a partir de frutose-6-fosfato mais gliceraldeído. Esse substrato é importante, pois estimula a enzima PP2A (Proteína Fosfatase 2), que por sua vez ativa a ChREBP (Carbohydrate Responsive Element Binding Protein) a qual ativa três enzimas: ACL (ATP citrato lyase ou ATP citrato liase), ACC (Acetil-CoA Carboxilase) e FAZ (Fatty Acid Sintase ou Ácido Graxo Sintase). Essas enzimas são lipogênicas, promovendo a síntese de triacilgliceróis para estoque. Portanto, o consumo de frutose proporciona também o aumento de tecido adiposo.

O aumento súbito desse monossacarídeo à dieta da população em geral, é um fator preocupante que precisa ser estudado, pois oferece diversos riscos, incluindo a diminuição na sinalização de leptina e insulina, ocorrendo a desregulação da homeostase energética e adiposidade corpórea. Além disso, inúmeras doenças aqui foram citadas, causadas pelo consumo em excesso da frutose, pelo fato de a população estar comendo cada vez mais.

- Por Júlia Alencar e Larissa Valadares

Referências Bibliográficas:
SHILS, Maurice E. – Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 10ª Edição.



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