domingo, 23 de junho de 2013

Transição das causas da Aterosclerose: Colesterol X Inflamação

                Antigamente tinha-se uma visão consagrada entre os médicos e pesquisadores de que a principal causa da Aterosclerose seria o colesterol. Hoje, estudos apresentam uma visão mais ampla, tratando-a como uma doença multifatorial, lenta e progressiva, que é consequência de uma série de respostas celulares e moleculares específicas.
                A tese de que o colesterol era o principal causador da Aterosclerose se devia ao fato de "as artérias coronárias se modificarem precocemente gerando lesões ateroscleróticas que se caracterizam pelo espessamento focal da íntima, proliferação das células musculares lisas e aumento do material extracelular do tecido conjuntivo com a deposição de colesterol nas células musculares e macrófagos. Quando essas células são fortemente carregadas de colesterol, formam-se as Placas de Aterosclerose. Essas alterações poderiam se estender à parte interna da túnica média e o espessamento pode crescer, chegando a obliterar o vaso sanguíneo." (Junqueira e Carneiro, Histologia Básica, 9ª edição, página 186 - 2º parágrafo, editora Guanabara).
              As causas mais atuais para a Aterosclerose são "o acúmulo de lipídeos, células inflamatórias e elementos fibrosos, que se depositam parede das artérias que são responsáveis pela formação de placas ou estrias gordurosas que geralmente ocasionam a obstrução das artérias coronárias." (Physiopathology and inflammatory aspects of atherosclerosis, Maria G.V. Gottlieb, Gislaine Bonardi e Emílo H. Moriguchi).
             As principais artérias afetadas pela Aterosclerose são a aorta e as artérias coronárias e cerebrais, podendo gerar infarto no miocárdio, isquemia cerebral e aneurisma aórtico. 
             Estudos têm apontado dois momentos na evolução das doenças ateroscleróticas:
             1ª) Fase aterosclerótica: formação anatômica da lesão aterosclerótica sob a influência dos "fatores de risco aterogênicas" clássicas.
        2ª) Fase trombótica: a influência dos "fatores de risco trombogênicos" determina a formação aguda do trombo sob a placa aterosclerótica.

            A doença aterosclerótica é a principal causa das patologias cardiovasculares ligada ao envelhecimento humano, no entanto, alguns estudos verificam a prevalência de placas ateroscleróticas em jovem adultos e até na fase fetal ( intra-uterina ), que pode ser potencializada pela hipercolesterolemia materna.
             Apesar de todas as explicações sobre o que vem a ser a Aterosclerose, "atualmente as evidências científicas demostram que os mecanismos envolvidos na gênese dessa doença são extremamente complexas e envolvem componentes genéticos, ambientais e resposta inflamatória."   

    

Referências bibliográficas:
- Livro: Junqueira e Carneiro, Histologia Básica, 9ª edição, editora Guanabara.
- Por Amanda Silva.

Exercício físico aeróbico: na prevenção e tratamento da aterosclerose.




Exercício aeróbico é aquele que exige presença de oxigênio na produção de energia e propicia queima oxidativa de substâncias energéticas como os carboidratos, gorduras e proteínas . A proporção da utilização dessas substâncias é dependente da quantidade e intensidade de exercícios aeróbicos. A prática regular desse exercício tem sido utilizada e recomendada tanto para prevenção quanto para tratamento da aterosclerose  podendo apresentar melhorias da reatividade arterial . 


Pesquisadores e professores da Universidade Federal de Viçosa(MG) testaram durante seis anos possíveis intervenções geradas pela a atividade física aeróbica, por um estudo controlado (DNASCO), em aproximadamente 140 homens de meia-idade na evolução da aterosclerose .Eles, então, foram orientados para que se exercitassem em intensidade correspondente ao seus limiares ventilatórios (momentos durante o exercício progressivo onde é possível identificar mudanças de vias metabólicas).
Terminando o estudo perceberam que o grupo que sofreu intervenção e não fazia uso de estatina apresentou menor espessura da camada íntima arterial em relação ao grupo controle(sem exercício) o que demonstra que o exercício aeróbico de baixa a moderada intensidade representa fator protetor na evolução da lesão aterosclerótica.
Porém os estudos não ficaram restritos apenas aos humanos, pois camundongos Knockout foram submetidos a uma dieta hiperlipidica e natação(como exercício aeróbico). Estes animais eram deficientes para o receptor de LDL e verificaram que a atividade física aeróbica progressiva além de atenuar a lesão aterosclerótica aumentava o tempo de vida desses animais. O que demonstra que há possibilidade do exercício não somente prevenir a aterosclerose mais também reduzi-la.

 

O treinamento físico aeróbio de moderada intensidade melhora a função endotelial de ambos os experimentos em animais e humanos relatados acima, diminuindo a aterosclerose e aumentando o número de vasos sanguíneos (neoangiogênese). Havendo também evidências que retratam que esse tipo de treinamento diminui o estímulo à liberação de citocinas pró-inflamatórias assim como pode levar à diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares. O exercício, também, pode atuar para amenizar dislipidemias, diabetes, obesidade e hipertensão.



Exercício físico aeróbico  aumenta, de acordo com pesquisas de Tatiana Ramos doutoranda em Ciências Biológicas de Belo Horizonte (MG),a sensibilidade à insulina, ou seja, a captação de glicose pelos miócitos e adipócitos serão mais facilitadas .Observa-se, também, diminuição das concentrações de triacilgliceróis e do colesterol LDL, pois com a prática de exercícios pode ser alterado a síntese de enzimas controladoras dos níveis de gordura do sangue, como por exemplo a LPL (lipoproteinolipase).Essa enzima aumenta os níveis de colesterol HDL e degrada/destrói os triglicerídeos.

Um fator importante no aspecto da Hemodilatação (os vasos sanguíneos dos músculos ficam mais largos)ocorrido devido aos exercícios  é o óxido nítrico, pois sua propriedade é utilizada no processo de relaxamento do músculo liso da parede do vaso aumentando seu fluxo sanguíneo e diminuindo a pressão arterial podendo, assim, fornecer aos músculos maiores quantidades de nutrientes.



Com isso recomenda-se práticas de exercício mostrada a baixo, embora saibamos que cada indivíduo deve ser orientado individualmente tendo aqui apenas uma aproximação.

Com a adoção de tal recomendação é possível diminuir a frequência de doenças cardíacas, os fatores de risco, e modificar o perfil lipídico.
Por Bianca Araujo
 

Referências:
 http://www.efdeportes.com/efd168/aterosclerose-e-exercicio-fisico.htm
 http://maisequilibrio.terra.com.br/o-colesterol-e-a-atividade-fisica-5-1-4-248.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922010000500013&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2006001800036&lang=pt
http://www.infoescola.com/educacao-fisica/exercicios-aerobicos/
http://www.portaleducacao.com.br/educacao-fisica/artigos/15001/limiares-ventilatorios#ixzz2WyVpF7bP

terça-feira, 11 de junho de 2013

Dieta hipercalórica

Foi adotado como tema desse semestre um assunto que causou grande repercussão no mundo inteiro. Trata-se de um vídeo, que está no youtube, a respeito de uma mulher que deseja ser a obesa mais bonita do mundo. Tammy Jung é uma modelo que ingere 5000 calorias por dia e posta fotos e vídeos do seu corpo na internet. 


Para ter uma alimentação adequada, existem parâmetros nutricionais que são essenciais para uma vida mais saudável. São eles: quantidade, qualidade, harmonia e adequação do alimento. O exemplo acima tratado aborda a ingestão de alimentos altamente calóricos, desequilibrados e sem uma orientação adequada, sendo que esta última foi rejeitada pela própria mulher, após uma consulta médica. A dieta utilizada por ela é inadequadamente rica em carboidratos e lipídeos, prejudicando o equilíbrio dietético e consequentemente alterando o seu metabolismo.

Quadros de obesidade como esse, sem acompanhamento de um médico e um nutricionista, podem desencadear em diversas patologias que podem culminar na inflamação das artérias, precursora da aterosclerose. Sendo esses a pressão alta e grandes níveis de gordura no plasma sanguíneo, por exemplo. E ainda, daqui certo tempo, a modelo pode provavelmente desenvolver resistência à insulina, devido aos grandes picos de glicose que ela tem ao ingerir uma dieta hipercalórica e a estimulação demasiada do pâncreas. Esses agentes determinantes da inflamação, seguidos de uma grande quantidade de gordura no sangue, podem culminar na obstrução das artérias.

De acordo com um estudo (Food and Chemical Toxicology - Volume 42, Issue 2, February 2004, Pages 313–319), ratos alimentados com uma dieta hipercalórica, como a relatada, apresentaram hiperinsulinismo, pois ao ocorrer o metabolismo de carboidratos (componente principal da dieta de Tammy) a concentração de glicose no corpo fica muito alta, estimulando uma alta produção de insulina. Além disso, há também alta taxa de glicogênio no fígado, pois a alta concentração de glicose ativa a glicogênese.

Uma alimentação como esta acaba alterando o metabolismo da utilização da glicose e diminui as defesas antioxidantes. A elevação dos radicais livres no interior das células provocariam oxidações de alguns produtos orgânicos e afetaria ou inibiria as atividades enzimáticas interferindo nas reações bioquímicas do metabolismo da glicose. Essa diminuição das defesas antioxidantes pode estar relacionada a alguma falha no transporte dos prótons e elétrons liberados durante as vias de degradação da glicose. Estes equivalentes de redução liberados deveriam ser transferidos para nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) por enzimas chamadas desidrogenases, formando NADH. Quando esses prótons e elétrons não são transferidos, acabam formando os radicais livres.

Além disso, devido a sua dieta, a modelo pode desenvolver resistência à insulina, culminando em um quadro de diabetes. A resistência à insulina ocorre quando o hormônio insulina não consegue se ligar à subunidade alfa, uma glicoproteína localizada na membrana plasmática das células. Sem a ligação entre insulina e a subunidade alfa, a glicose não consegue entrar para o interior da célula e ser fosforilada para glicose-6-fosfato, de forma que faltará substrato para a reação de glicólise e gliconeogênese. Isso poderá culminar em um quadro de hiperinsulinismo, onde há uma produção exacerbada de insulina pelo pâncreas para tentar fazer a molécula de glicose entrar na célula, resultando em diabetes do tipo II. Pode-se desenvolver também esteatose hepática não-alcoólica, que consiste no acúmulo de triglicerídeos em tecido hepático de peso igual ou superior a 5% do peso total do fígado. O desenvolvimento dessa doença é favorecido devido à alta ingestão de gorduras saturadas.


Para evitar tais patologias, as modelo Tammy Jung deveria ter uma dieta supervisionada por um nutricionista, além de fazer acompanhamento com endocrinologista, para que dessa forma possa-se aumentar sua massa corporal com saúde.

Maurice E. Shils -  Nutrição Moderna na Saúde e na Doença, 10ª Edição.
T. Devlin - Manual De Bioquímica Com Correlações Clínicas. 6ª Edição, 2007.
http://www.biomedicinapadrao.com/2011/04/o-receptor-de-insulina.html
LEHNINGER - Principles of Biochemistry, Fourth Edition.


- Post coletivo