terça-feira, 11 de junho de 2013

Dieta hipercalórica

Foi adotado como tema desse semestre um assunto que causou grande repercussão no mundo inteiro. Trata-se de um vídeo, que está no youtube, a respeito de uma mulher que deseja ser a obesa mais bonita do mundo. Tammy Jung é uma modelo que ingere 5000 calorias por dia e posta fotos e vídeos do seu corpo na internet. 


Para ter uma alimentação adequada, existem parâmetros nutricionais que são essenciais para uma vida mais saudável. São eles: quantidade, qualidade, harmonia e adequação do alimento. O exemplo acima tratado aborda a ingestão de alimentos altamente calóricos, desequilibrados e sem uma orientação adequada, sendo que esta última foi rejeitada pela própria mulher, após uma consulta médica. A dieta utilizada por ela é inadequadamente rica em carboidratos e lipídeos, prejudicando o equilíbrio dietético e consequentemente alterando o seu metabolismo.

Quadros de obesidade como esse, sem acompanhamento de um médico e um nutricionista, podem desencadear em diversas patologias que podem culminar na inflamação das artérias, precursora da aterosclerose. Sendo esses a pressão alta e grandes níveis de gordura no plasma sanguíneo, por exemplo. E ainda, daqui certo tempo, a modelo pode provavelmente desenvolver resistência à insulina, devido aos grandes picos de glicose que ela tem ao ingerir uma dieta hipercalórica e a estimulação demasiada do pâncreas. Esses agentes determinantes da inflamação, seguidos de uma grande quantidade de gordura no sangue, podem culminar na obstrução das artérias.

De acordo com um estudo (Food and Chemical Toxicology - Volume 42, Issue 2, February 2004, Pages 313–319), ratos alimentados com uma dieta hipercalórica, como a relatada, apresentaram hiperinsulinismo, pois ao ocorrer o metabolismo de carboidratos (componente principal da dieta de Tammy) a concentração de glicose no corpo fica muito alta, estimulando uma alta produção de insulina. Além disso, há também alta taxa de glicogênio no fígado, pois a alta concentração de glicose ativa a glicogênese.

Uma alimentação como esta acaba alterando o metabolismo da utilização da glicose e diminui as defesas antioxidantes. A elevação dos radicais livres no interior das células provocariam oxidações de alguns produtos orgânicos e afetaria ou inibiria as atividades enzimáticas interferindo nas reações bioquímicas do metabolismo da glicose. Essa diminuição das defesas antioxidantes pode estar relacionada a alguma falha no transporte dos prótons e elétrons liberados durante as vias de degradação da glicose. Estes equivalentes de redução liberados deveriam ser transferidos para nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) por enzimas chamadas desidrogenases, formando NADH. Quando esses prótons e elétrons não são transferidos, acabam formando os radicais livres.

Além disso, devido a sua dieta, a modelo pode desenvolver resistência à insulina, culminando em um quadro de diabetes. A resistência à insulina ocorre quando o hormônio insulina não consegue se ligar à subunidade alfa, uma glicoproteína localizada na membrana plasmática das células. Sem a ligação entre insulina e a subunidade alfa, a glicose não consegue entrar para o interior da célula e ser fosforilada para glicose-6-fosfato, de forma que faltará substrato para a reação de glicólise e gliconeogênese. Isso poderá culminar em um quadro de hiperinsulinismo, onde há uma produção exacerbada de insulina pelo pâncreas para tentar fazer a molécula de glicose entrar na célula, resultando em diabetes do tipo II. Pode-se desenvolver também esteatose hepática não-alcoólica, que consiste no acúmulo de triglicerídeos em tecido hepático de peso igual ou superior a 5% do peso total do fígado. O desenvolvimento dessa doença é favorecido devido à alta ingestão de gorduras saturadas.


Para evitar tais patologias, as modelo Tammy Jung deveria ter uma dieta supervisionada por um nutricionista, além de fazer acompanhamento com endocrinologista, para que dessa forma possa-se aumentar sua massa corporal com saúde.

Maurice E. Shils -  Nutrição Moderna na Saúde e na Doença, 10ª Edição.
T. Devlin - Manual De Bioquímica Com Correlações Clínicas. 6ª Edição, 2007.
http://www.biomedicinapadrao.com/2011/04/o-receptor-de-insulina.html
LEHNINGER - Principles of Biochemistry, Fourth Edition.


- Post coletivo

  

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